SEGUE ABAIXO PROVA DE PORTUGUÊS 2009 DO IFCE (LEIA-SE ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO CEARÁ):
VIOLÊNCIA CONTRA AS CRIANÇAS
A humanidade avança a largos passos. Inúmeras conquistas tivemos até este milênio; entretanto, avança a largos passos também a secreta e vampiresca violência doméstica contra as crianças e adolescentes, haja vista casos recentes como o da pequena Isabella, o da criança de Goiânia e tantos e tantos outros que não são divulgados pela imprensa.
Quando não é fatal, a violência deixa marcas indeléveis nos nossos pequenos e está presente no cotidiano dos profissionais de saúde. Fenômeno preocupante pelo fato de ser uma prática culturalmente legitimada desde passado remoto e por permear todas as classes sociais, sendo extremamente grave quando em cada criança violentada são violados seus direitos fundamentais, bem como negados valores como a liberdade e a vida. É uma prática responsável por altas taxas de mortalidade e morbidade, nesta faixa etária. Segundo Viviane Guerra, essa violência implica de um lado a transgressão do dever de proteção do adulto e de outro uma “coisificação” da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeito e pessoa em condições peculiares de desenvolvimento.
Este fato constatado requer de nós profissionais de saúde não só uma reflexão, mas, também, um gesto concreto, uma prática profissional crítica, competente e responsável no atendimento a crianças e adolescentes
vítimas de maus tratos. O diagnóstico multiprofissional, a notificação e o encaminhamento se mostram como formas adequadas de agir diante de casos de violência doméstica que chegam aos serviços de saúde. Os casos não são raros, haja vista os registros da Comissão de Prevenção aos Maus Tratos do IJF – Instituto Dr. José Frota. A CNBB divulgou que 18 mil crianças são espancadas por ano. São 6,6 milhões de vítimas com menos de 14 anos no Brasil, segundo a Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência da Infância, e apenas 40% das agressões são denunciadas por dia no Brasil. Isto só violência física, sem falar em violência psicológica, sexual, negligência e morte.
É necessário que se intensifique o compromisso dos profissionais com a proteção de crianças e adolescentes que são atendidas nos serviços de saúde.
O Lacri – Laboratório de Estudos da Criança da USP – Universidade de São Paulo – recomenda que profissionais acreditem sempre na criança no primeiro momento até que se prove o contrário; tenham o compromisso fundamental de proteger a criança e o adolescente vítima e demais crianças e adolescentes presentes na família; compreendam que, para interromper o ciclo da violência, deve-se ter como alvo a família.
É um grave problema de saúde pública que tem que ser levado a sério neste país. Garantir direitos de crianças e adolescentes é uma responsabilidade dos cidadãos, um dever do Estado e dos profissionais de saúde.
(Maria de Jesus de Oliveira – Assistente Social. Especialista em Violência
Doméstica Contra Crianças e Adolescentes. Jornal O Povo, 19/04/08.
01. O texto só não afirma que
A) a violência contra as crianças é uma fato que ocorre em todas as classes sociais, principalmente nas mais
baixas.
B) muitas das agressões contra crianças e adolescentes não são do conhecimento das autoridades.
C) Além de combater a violência contra as crianças, convém evitar as causas que a desencadeiam.
D) Os adultos costumam considerar a criança e o adolescente seres sem vontade própria, por isso exercem uma autoridade excessiva sobre eles.
E) A família brasileira tem imposto o castigo físico à criança como forma de educá-la, razão por que a prática da violência é culturalmente aceita.
02. Para levar o leitor a aceitar o que lhe foi comunicado no texto, a autora
A) limitou-se a expor suas próprias experiências.
B) Apoiou seus argumentos tão-somente em dados estatísticos.
C) Empregou expressões em primeira pessoa, com o intuito de manifestar suas convicções.
D) Não deixou margem a possíveis contra-argumentos.
E) Embasou seu ponto de vista em dados concretos e em argumentos de autoridade.
03. A expressão “não só...” (linha 13) cria, no leitor, a
expectativa de
A) conclusão.
B) acréscimo.
C) explicação.
D) compensação.
E) alternância.
04. A expressão “haja vista” (linhas 2 e 3)
A) é invariável.
B) corresponde a tenha visto.
C) pode ser substituída por hajam vista.
D) introduz uma conseqüência.
E) só pode ser usada por testemunhas oculares do
exemplo citado.
05. Em “... faixa etária.” (linha 9), o adjetivo pode ser substituído pela locução de idade. Essa mesma correspondência não foi observada na opção
A) águas de rio = águas pluviais.
B) som da garganta = som gutural.
C) osso da testa = osso frontal.
D) prisão em casa = prisão domiciliar.
E) dose da morte = dose letal.
06. No parágrafo “É necessário ... serviços de saúde” (linhas 22 e 23), há
A) duas orações subordinadas substantivas.
B) uma oração sem sujeito.
C) duas orações subordinadas, sendo uma substantiva e outra adjetiva.
D) apenas duas orações, a principal e sua subordinada.
E) três orações independentes entre si.
07. O adjetivo “... indeléveis” (linha 5) traduz a idéia do que é
A) transitório. B) permanente.
C) durável. D) ocasional.
E) superficial.
08. Enquadram-se na mesma regra de acentuação gráfica:
A) indeléveis (linha 5) e “prática” (linha 9).
B) saúde (linha 6) e “país” (linha 28).
C) têm (linha 11) e “só” (linha 13).
D) responsável (linha 9) e “física” (linha 20).
E) também (linha 2) e “têm” (linha 11).
09. Atente para as afirmações:
I. As expressões “Inúmeras conquistas” (linha 1) e “... o compromisso dos profissionais...” (linha 22) são complementos verbais
II. Em “... tem que ser levado a sério...” (linha 28), o vocábulo grifado pode ser substituído por de.
III. Em “... serviços de saúde” (linha 16), a expressão grifada é um adjunto adnominal.
IV. A forma verbal “chegam” (linha 16) pode também ficar no singular, concordando com o substantivo “violência” (linha 16).
Estão corretas:
A) I e III B) II e III
C) III e IV D) I e IV
E) II e IV
10. O substantivo “compromisso” (linha 22) está bem relacionado com o seu complemento em
A) Os adultos devem assumir o compromisso em cuidar bem das crianças,
B) Educar uma criança pressupõe o compromisso ante o seu desenvolvimento,
C) O compromisso pela educação das crianças deve ser primeiramente dos pais,
D) Na relação familiar, cabe aos pais o compromisso para com a educação dos filhos.
E) O compromisso por garantir os direitos da criança é dever de todos nós.
(Material retirado do site do IFCE)
As respostas certas estarão na próxima postagem.