sexta-feira, 8 de outubro de 2021

A FORÇA DA MULHER

 


(Por Alves Andrade)

Dizem que a mulher é sexo frágil,

mas que mentira absurda.

Muitas são as mulheres cuja força e determinação povoaram a Terra e a imaginação. Podemos citar, sem necessidade cronológica, Joana d’Arc, Helena, Leila Diniz, Pagu, Iracema, Capitolina, Emile Schidler, Ana Terra, Lúcia Bessa E tantas outras que daria uma dor na mão se eu insistisse em citar. Mas há uma personagem fictícia (ou não) que traz consigo a essência, a dignidade e a fortaleza do universo feminino.


A bem dizer, não é uma mulher, mas uma menina que ainda vai se transformar em mulher, apesar de ter nascido em 1971. Ela é o oposto de sua algoz. É altinha, magrinha, de cabelos lisos. Mas tem o que qualquer pai, dono de livraria, gostaria que a filha tivesse: um amor incondicional pelos livros. Esse amor pela leitura a fez passar até por humilhações, principalmente quando uma menininha lhe dissera possuir as reinações de narizinho. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o, mas completamente acima de suas posses.


Não vou dizer aqui como ela conseguiu o livro, e como ela se comprouvera ao tê-lo em suas mãos. A crônica deve ser leve como as plumas de uma ave içada pelo vento. Deve ser serena como as águas mansas de um lago sereno, deve ser ágil, como os pés de Iracema, roçando de leve o solo em branco do papel.


Quero apenas destacar como essa menina é guerreira, como todas as suas colegas de gênero. Em nenhum momento se abateu ou teve sua esperança esgaçada pela maldade da outra. Assim, quando um dia tornar-se finalmente mulher, ela não vai se curvar aos desmandos de um mundo injusto e machista. Ela será forte como Ana Terra, que mesmo diante da morte, diante do vilipêndio de sua integridade física não se curvou, não se imobilizou e, por isso foi responsável pela saga de uma obra inteira. Ela vai ser, mesmo vaidosa, descrente das falsas promessas. Ela será, como é, determinada ante seus intentos, nunca fraquejará diante de uma dificuldade. Como Joana d’Arc erguerá sempre a espada da valentia para defender seu reino pessoal e dos interesses de outrem, mesmo sabendo que a traição se avizinha. Terá atitudes altruístas, como Êmile Schindler, mesmo sabendo que nã será reconheciada.


As virtudes dessa criança, que se perpetuarão na idade adulta, são inerentes a todas as mulheres. Mesmo que em algumas estejam latentes, em algum momento de desespero ou no despertar de um letargo, eclodirão e estabelecerão sua redenção. E serão reproduzidas seja na Literatura seja na vida real.