quarta-feira, 3 de junho de 2009

ORTOÉPIA E PROSÓDIA

Há uns dias, conversando com um amigo, ele me falava das nuances da Língua Portuguesa e me dizia que um dos capítulos mais interessantes que ele achava era Ortoépia e Prosódia. Disse-me rindo que teve vontade de colocar este nome (Prosódia) em sua filha caçula. Outrossim, mostrou-se interessado em ler neste blog algo sobre o assunto. Daí, postarmos abaixo definição e termos ligados a esse capítulo da gramática.
ORTOEPIA E PROSÓDIA
_ Ortoepia trata da correta pronúncia das palavras.
Exemplo: "advogado", e não "adevogado" (o d é mudo).
_ Prosódia trata da correta acentuação tônica das palavras.
Exemplo: "rubrica" (palavra paroxítona), e não "rúbrica" (palavra proparoxítona).
Dessa forma, segue abaixo uma lista das principais palavras que normalmente apresentam dúvidas quanto à sua pronúncia e tonicidade corretas.

ACRÓBATA / ACROBATA: esta palavra, COMO MUITAS OUTRAS DE NOSSA lÍNGUA, admite as duas pronúncias (são chamadas palavras de dupla prosódia): acróbata, com ênfase na sílaba "cró", ou acrobata, com força na sílaba "ba". Também é indiferente dizer Oceânia ou Oceania, transístor ou transistor (com força na sílaba "tor", com o "ô" fechado).
ALGOZ (carrasco): palavra oxítona, cuja pronúncia do "o" deve ser fechada (algôz, = arroz).
AUTÓPSIA / NECROPSIA: apesar de autópsia ter como vogal tônica o "ó", a forma necropsia, que possui o mesmo significado, deve ser pronunciada com ênfase no "i".
AZÁLEA / AZALEIA: segundo os melhores dicionários, estas duas formas são aceitáveis;
AVARO (indivíduo muito apegado ao dinheiro): deve ser pronunciada como paroxítona (acento tônico na sílaba va), e por terminar em "o", não deve ser acentuada.
BOÊMIA: de origem francesa, relativa à cidade de Boéme, esta palavra tem sua sílaba forte no "ê", e não no "mi", forma consagrada por nélson Gonçalves.
CARÁTER: paroxítona que apresenta o plural caracteres, tendo o acréscimo da letra "c", e o deslocamento do acento tônico da sílaba "ra" para a sílaba "te", sem o emprego de acento gráfico.
CATETER, MISTER e URETER: Todas possuindo sua acentuação tônica na última sílaba (tér), sendo assim oxítonas.
CHICLETE / CHOPE / CLIPE / DROPE: quando se referindo a uma só unidade de cada um destes produtos, deve-se falar "um chiclete, um chope, um clipe, um drope", e não "um chicletes, um chopes, um clipes, um dropes". Existe, ainda, a variante "chiclé" (um chiclé, dois chiclés).
CUPIDO e CÚPIDO: a primeira forma (paroxítona e sem acento) significa o deus alado do amor; a segunda (proparoxítona) tem o sentido de ávido de dinheiro, ambicioso, também pode ser usada como possuído de desejos amorosos.
EXTINGUIR: a sílaba "guir" desta palavra deve ser pronunciada como nas palavras "perseguir", "seguir", "conseguir". Isso também vale para "distinguir".
FLUIDO: pronuncia-se como a forma verbal "cuido", verbo cuidar (com força no u). Assim também GRATUITO, CIRCUITO, INTUITO, fortuito. No entanto, o particípio do verbo fluir é "fluído", acontecendo aqui um hiato, onde a vogal tônica agora passa a ser o "í".
IBERO: Pronuncia-se como paroxítona (ênfase na sílaba BE, IBÉRO).
INEXORÁVEL (= austero, rígido, inabalável...): esse "x" lê-se como os de exemplo, exame, exato, exercício, isto é, com o som de "z".
LÁTEX: tendo seu acento tônico na penúltima sílaba e terminando com a letra x, é uma palavra paroxítona, e como tal deve ser pronunciada e acentuada.
MAQUINARIA: o acento tônico deve recair na sílaba "ri", e não sobre a sílaba "na".
NÉON: muitos dicionários apresentam esta palavra como paroxítona, sendo acentuada por terminar em "n"; no entanto, o dicionário Michaelis Melhoramentos, recentemente editado, traz as duas grafias: néon (paroxítona) e neon (oxítona).
NOVEL e NOBEL: palavras oxítonas que não devem ser acentuadas.
OBESO: palavra paroxítona que deve ser pronunciada com o "e" aberto (obéso). Também são abertos o "e" de outras paroxítonas como "coeso" (coéso), "obsoleto" (obsoléto), o "o" de "dolo" (dólo), o "e" de "extra" (éxtra) e o "e" de "blefe" (bléfe). Apresentam-se, porém, fechados o "e" de "nesga" (nêsga), o de "destro" (dêstro), e o "o" "torpe" (tôrpe).
OPTAR: ao se conjugar este verbo na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, deve-se pronunciar "ópto", e não "opito". Assim também em relação às formas verbais "capto, adapto, rapto" - todas com força na sílaba que vem antes do "p".
PROJÉTIL / PROJETIL: ambas as formas têm o mesmo significado, apesar de a primeira ser paroxítona e a segunda oxítona. Plurais: PROJÉTEIS / PROJETIS.
PUDICO (aquele que tem pudor, envergonhado): palavra paroxítona (ênfase na sílaba "di").
RECORDE: deve ser pronunciada como paroxítona (recórde).
RÉPTIL / REPTIL: mesmo caso da palavra PROJÉTIL. Plurais. RÉPTEIS / REPTIS.
RUBRICA: palavra paroxítona, e não proparoxítona como se costuma pensar (ênfase na sílaba "bri").
RUIM: palavra oxítona (ruím).
RUPIA / RÚPIA: a primeira forma se refere à moeda utilizada na Indonésia (força no "i") e a segunda é relativa a uma planta aquática (com ênfase no "ú").
SUBSÍDIOS: a pronúncia correta é com som de "ss", e não "z" (subssídios).
SUTIL e SÚTIL: a primeira forma, sendo oxítona, significa "tênue, delicado, hábil"; a segunda, paroxítona, significa "tudo aquilo que é composto de pedaços costurados".
TÓXICO: pronuncia-se com o som de "cs" = tócsico.
Nota: Existe alguma discordância quanto ao som do "x" de "hexa-". O Dicionário Aurélio - Século XXI, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - da Academia Brasileira de Letras, e o dicionário de Caldas Aulete dizem que esse "x" deve ter o som de "cs", e deve ser pronunciado como o "x" de "fixo", "táxi", "tóxico", etc. Já o "Houaiss" diz que esse "x" corresponde a "z", portanto deve ser lido como o "x" de "exame", "exercício", "êxodo", etc.. Na língua falada do Brasil, nota-se interessante ambiguidade: o "x" de "hexágono" normalmente é lido como "z", mas o de "hexacampeão" costuma ser lido como "cs".

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