PROFESSOR ALVES
TEXTO I
O
INCÊNDIO DE JOELMA
“O poeta é um fingidor
Finge tão
completamente
Que chega
a fingir que é dor
A dor que
deveras sente.”
(Fernando
Pessoa)
A
primeira vez que ouvi teu nome,
[Joelma,
Veio-me à
lembrança um incêndio
[antigo!
E me lembrei das pessoas se jogando,
[desesperadas
Pessoas
tentando salvá-las, angustiadas,
E o país
parado diante daquele tomento.
Eu ri,
Joelma, quando ouvi teu nome.
Mas o que
eu não sabia, Joelma,
Era que
teu nome traduzia incêndio
E que eu
me veria, em minhas noites
De
desabrida luta contra a solidão,
Queimando por dentro como alucinação,
O teu
nome soando nos meus ouvidos
E eu,
coitado, sem você pra me salvar!
Sinto um
frio na barriga, Joelma,
Toda vez
que ouço teu nome,
O gelo
vira fogo que a toda me consome
E a cena
triste do incêndio se repete,
Os meus
sentimentos se agitam,
Tentam
saltar do meu peito, inútil!
Minhas
orações são vãs, vãs
Já o que
eu sentia à noite
Se
desdobra pelas manhãs,
Sinto
bravo o incêndio da incerteza
E eu já
não rio mais, Joelma, quando
[ouço teu nome!
(Professor
Alves, 13/09/2006, publicado no blog: falvesandrade.blogspot.com)
01. No
poema há uma epígrafe de Fernando
Pessoa. Assinale a alternativa em que há a função da linguagem predominante
nesses versos:
a)
emotiva;
b)
fática;
c)
metalinguística;
d)
poética;
e)
referencial.
02. No verso “Eu ri, Joelma” há uma ideia de:
a)
alegria;
b)
desprezo;
c)
saudade;
d)
nostalgia;
e) dó.
03. O
autor, na composição do poema mesclou as linguagens:
a)
coloquial e debochada; c) técnica
e gíria; e) culta e
desleixada.
b)
denotativa e conotativa; d) objetiva
e subjetiva;
04. O
termo “Joelma” aparece no texto sempre como:
a)
aposto; c) complemento
verbal; e) vocativo.
b)
predicativo; d) sujeito;
05. A
palavra que exerce função de Predicativo é:
a) “teu nome”,
verso 1; c) “desesperadas”, verso
3; e) “incêndio”, verso 23.
b) “à
lembrança”, verso 2; d) “lembrança”,
verso 10;
06. A
conjunção “mas”, verso 7 tem o mesmo valor que a conjunção:
a)
pois; c) embora; e) logo;
c) porque; d) quando.
TEXTO II
Tudo vai bem dentro de casa, até que
o marido surge com a notícia de que vai se aposentar. A mulher entra em pânico,
pois sabe que sua rotina vai mudar completamente. Ela terá de conviver com um
marido que critica, faz cobranças e dá ordens num território que sempre foi
dela. Até os programas com as amigas ficam em perigo. O fenômeno, que
atinge as mulheres na faixa dos 50 ou 60 anos, é tão comum no Japão que já
recebeu batismo: síndrome do marido aposentado. O criador do nome foi o médico
Nobuo Kurokawa, pesquisador que se transformou em autoridade no tema
"maridos aposentados, mulheres à beira de um ataque de nervos". Não é
por acaso que essa designação veio do Japão. Lá, fiéis à antiga tradição,
muitas esposas são praticamente "serviçais" do marido. Uma pesquisa
realizada naquele país revelou que, enquanto 85% dos homens que estão próximos
da aposentadoria se mostram muito felizes, 40% de suas esposas se declaram
deprimidas com a perspectiva.
07. O termo “rotina”, linha 2, tem como significado a palavra da
alternativa:
a) dia-a-dia;
b) rotatividade;
c) saúde;
d) televisão.
08. “...num território que sempre foi dela...” entendemos por essa
passagem, presente na linha 4,
a) que a mulher, no texto, foi generalizada, ou seja, todas as
mulheres vivem a mesma
rotina.
b) que as mulheres foram individualizadas, ou seja, as mulheres
brasileiras, por
exemplo, são diferentes
das americanas, que são diferentes da japonesas etc.
c) que não há diferença entre os homens.
d) que todas as mulheres são cozinheiras.
09. A ideia geral do texto é:
a) As mulheres ficam felizes com a presença do marido.
b) Quando os homens estão em casa, a vida das mulheres se
transforma.
c) As mulheres não gostam de seus maridos.
d) As relações entre marido e mulher não são mais como antigamente.
10. São acentuadas pelo mesmo motivo de “até” e “notícia”, linha 1:
a) cipó – pânico;
b) você – série;
c) Itaú – história;
d) balaústre – pôde;
e) país – vários.
11. Assim como “realizada”, linha 10, estão corretamente grafados os termos:
a) analizada – vulgarizada;
b) catequizada – batizada;
c) canalisado – verticalizado;
d) pesquisar – organisação;
e) paralização – desorganização.
12. “Completamente”, linha 3, é advérbio, assim como:
a) “tudo”, linha 1;
b) “até”, linha 4;
c) “comum”, linha 5;
d) “muitas”, linha 9;
e) “muito”, linha 11.
13. A locução verbal “vai se aposentar”, linhas 1 e 2, dá ideia de:
a) presente;
b) passado;
c) ordem;
d) conselho;
e) futuro.
TEXTO III
AGUANAMBI
O corpo franzino estirado no asfalto, no início da noite de ontem, em pleno
horário de “rush”, em uma das avenidas mais movimentadas de Fortaleza, contrastava
o homem que em vida buscou a discrição, principalmente nos últimos cinco meses,
desde que perdeu a esposa por câncer, segundo colegas de trabalho.
Carros luxuosos trafegavam em marcha lenta e até ousavam revelar os rostos de
seus condutores, quando vidros escuros abaixavam para uma melhor visão do ser
inanimado.
Pessoas se arriscavam entre veículos de buzinas estridentes, para
descobrir a identidade do homem que praticamente parou um dos sentidos da
avenida Aguanambi e retardou o trânsito do outro trajeto.
Era João Valdeci de Oliveira Matos, 46, que há 10 trabalhava como soldador de
uma oficina de lanternagem nas proximidades. Ele foi arremessado alguns metros
por um ônibus da linha Expresso BR-Nova, quando tentava atravessar a pista.
No asfalto, mais do que o filete vermelho: o futuro incerto de oito crianças e
adolescentes (a primogênita com 16 anos), agora completamente órfãos, em um
intervalo de cinco meses.
Foi o que lamentou o patrão do soldador, após cobrar de policiais militares o
que lhe parecia devido. “O ‘passcard’ na carteira dele é meu”, reclamou, sem
interesse pela velha identidade, a única outra coisa na carteira.
(Jornal O Povo, 01/08/2009)
14.
O contraste, citado no primeiro parágrafo, deve-se:
a)
ao corpo franzino e à discrição;
b)
à discrição e ao movimento da avenida;
c)
ao corpo franzino e ao asfalto;
d)
à discrição e ao asfalto;
e)
ao asfalto e à noite.
15.
No segundo e terceiro parágrafos há uma nota
de :
a)
curiosidade;
b)
preocupação;
c)
desprezo;
d)
desinteresse;
e)
organização.
16.
Podemos afirmar que a abordagem do jornalista que escreveu o texto denota:
a)
desinteresse;
b)
indiferença;
c)
comprometimento;
d)
reflexão;
e)
indignação.
17.
“desde que”, linha 4, é uma locução:
a)
conjuntiva;
b)
adverbial;
c)
substantiva;
d)
adjetiva;
e)
prepositiva.
18.
Como “discrição” também se escreve com C:
a)
extenção;
b)
distenção;
c)
exceção;
d)
conceção;
e)
discução.
19.
“no asfalto”, linha 16, justifica a vírgula por ser:
a)
sujeito;
b)
adjunto adverbial;
c)
adjunto adnominal;
d)
aposto;
e)
complemento nominal.
20.
Como “trânsito”, linha 6, estão corretamente acentuados os termos:
a)
pára (verbo) e pôr (preposição);
b)
rítmo e saía;
c)
pôde (passado) e lêem;
d)
têm e retém;
e)
rúbrica e récorde.
BOA SORTE!
Um comentário:
GABARITO:
01. C 02. B 03. B 04.E 05.C 06.C 07. A 08. A 09. B. 10. E 11.B 12.E 13.E 14.B 15.A 16.D 17.A 18.C 19. B 20. D
Postar um comentário