segunda-feira, 14 de julho de 2008

JOGO DOS ESTRANHAMENTOS


Leia o texto abaixo e identifique pelo menos OITO estranhamentos com relação à língua Portuguesa que utilizamos aqui no Brasil:


Ora bem, nada melhor do que terminar um estágio com um jogo-treino bem conseguido, perfeitamente organizado em termos de concepções e com um resultado que, embora nesta altura não seja considerado importante, reflectiu que a equipa de Paulo Alves tem potencial para voos de altitude considerável. É que, é bom que se leve em linha de consideração, o adversário chamou-se Sporting de Braga, uma das mais fortes equipas a apresentar na Liga Sagres que começa no dia 24 de Agosto e que, por sinal, já leva três semanas de preparação, enquanto o União apenas cumpriu a primeira.

De resto, a formação leiriense mostrou-se sempre consistente, facto que de certo modo surpreendeu se levarmos em linha de conta que a equipa actual pouco tem a ver com a que disputou a I Liga na época passada.

Denotaram os bracarenses alguma fadiga, pode-se admitir. A verdade, porém, é que a forma de jogar do grupo de Paulo Alves também contribuiu para o aparecimento desse senão por parte dos minhotos. Sintetizando, excelente estreia do União de Leiria no primeiro contacto com um adversário.

P.Alves: "Um bom princípio"Para Paulo Alves, treinador da equipa leiriense, este bom jogo não o surpreendeu: "Fiquei de facto muito feliz com a capacidade de resposta da equipa, afinal uma correspondência cabal ao que já vínhamos observando durante o estágio. É evidente que o resultado nesta altura é subjectivo, mas há que ver que defrontámos uma equipa com o potencial do Braga. Estivemos muito bem, os jogadores encaixaram bem as ideias que lhe foram transmitidas, o bloco mostrou-se organizado, enfim, foi um bom princípio. Muito bom mesmo", finalizando com um dado a ter na retina: "Repare-se que o Sporting de Braga já está a treinar há três semanas, e nós apenas há uma. E fomos nós que corremos atrás do prejuízo, já que ao intervalo estávamos em desvantagem. Sinceramente gostei muito do que vi, mas temos de dar sequência a este trabalho". (http://www.diarioleiria.pt/, 14/07/2008)


você deve ter anotado:

01. reflectiu

02. equipa

03. voos

04. facto

05. actual

06. contacto

07. estreia

08. subjectivo

09. defrontámos

10. ideias

11. já está a treinar

12. sequência


O "C" oclusivo que aparece nos itens reflectiu, facto etc faz parte do uso corrente em Portugal e em outros países de Língua Portuguesa, com exceção do Brasil. Está devidamente regulamentado no acordo de 1990, exatamente porque em outros países de LP já é utilizado. Aqui no Brasil o uso continua facultativo, mas aconselha-se não utilizar.


O termo equipa constitui variação de equipe (no texto tem sentido de time, equip de futebol). Em Portugal, evitam-se estrangeirismos. EQUIPE constitui um galicismo, assim como VITRINE, MANICURE... deve-se portanto utilizar vitrina, manicura, pedicura, equipa, para preterir o galicismo.


"Está a treinar" (verbo principal no infinitivo) também é preferência lusitana ao uso corrente no Brasil estamos treinando (verbo principal no gerúndio).


As demais sequências já são correntes nos outros países de Língua Portuguesa, mas não no Brasil.Uma das regras de acentuação gráfica estudadas aqui diz: acentuam-se os ditongos abertos éu, ói, éi (céu, jóia, idéia)) para estabelecer diferença com os ditongos fechados eu, oi, ei (meu, dois, colmeia). Essa regra deixa de existir, e os motivos não são difíceis de entender, pois já se escreve em Portugal estreia, ideia, cadeia, papeis, candeia.


Sequência sem trema (¨)? é, o trema foi outra víctima, para usar uma grafia lusa, da já famigerada mudanaça gráfica estabelecida pelo não menos famigerado acordo. Assim linguiça, frequência, preguiça, guerra serão escritas da mesma forma. Cabe portanto ao bon senso e conhecimento linguístico (estou treinando para não utilizar mais o trema) a correta pronúncia das palavras quando o U for pronunciado (ligüística) aos invés de ser mero sinal diacrítico (requisito)


E voos sem acento, assim como leem, veem, creem, doo. Lembremos que a orientação corrente diz para acentuarmos o primeiro E e O dos hiatos EE OO, quando forem tônicos.


Por último a forma defrontámos. Causa-nos talvez o maior estranhamento. É outra imposição do acordo a que temos de nos adequar. Trata-se da distinção que em Portugal se faz entre pretérito perfeito e presente do indicativo. Assim:

Nós cantamos sempre. e Nós cantámos ontem

Nós nos defrontamos todos os dias com nossos medos. e Nós nos defrontámos com nossos medos ontem durante a análise.

Mas é bom lembrar que essa acentuação é facultativa.


Até breve!

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